segunda-feira, 30 de maio de 2011

Chico Buarque e os Anos de Chumbo (1965-1975): "Enquanto eu puder cantar..."



CHICO BUARQUE – “ENQUANTO EU PUDER CANTAR...”

(1965-1975)

Aula Sarau: História do Brasil IV (1º/2011) – Apresentada em 24/05/2011:

Roteiro da apresentação:

- A Época de Ouro dos Festivais da Canção da MPB (década de 1960):

Os festivais de música das décadas de 1960 e 1970 tiveram uma importante atuação política no cenário nacional, chegando a ser de perto assistida pelos órgãos de censura do exército brasileiro. Os festivais foram muito importantes para a divulgação artística dos músicos do período, lançando nomes, apresentando gêneros musicais, além da transmissão para todo o Brasil da diversidade musical da MPB. O momento também foi muito importante para as emissoras de TV, pois estas passaram a transmitir os festivais em rede nacional, algo inédito até então. Assim sendo, as músicas estavam sendo transmitidas em todo o país e eram assuntos em pauta em todos os estabelecimentos, do lar aos botequins.

Nesse período destacavam-se entre intérpretes e compositores: Elis Regina, Gilberto Gil, Jair Rodrigues, MPB-4, Edu Lobo, Geraldo Vandré, Zé Kéti, Chico Buarque, Wilson Simonal, dentre outros.

A relação era tamanha entre autor-público que pode-se tomar como exemplo a canção "Pra não dizer que não falei das flores", no qual basta-se dois acordes para entoar toda a canção, caindo definitivamente com sua letra engajada no gosto popular, a música ficou em segundo lugar, porém, foi conclamada vencedora pelo público no “III Festival Internacional da Canção” de 1968. A letra da canção, claramente se posicionava contra o regime militar, o refrão era interpretado pelos militares como uma chamada para a luta armada. Nesse contexto em 1969, pós-AI-5, a censura entrou fortemente no campo musical calando vários artistas, inclusive Geraldo Vandré, que foi forçado ao exílio.

- Por que Chico Buarque?

O tema nos possibilita a reflexão da realidade social e cultural valorizando a construção do conhecimento sobre o período estudado.

- Uma pequena biografia de Francisco Buarque de Holanda (Chico Buarque) nos “anos de chumbo”:

Diante do cenário político do país, perseguições e censura em meio à produção artística e cultural, Chico Buarque se posicionou de forma crítica fazendo oposição à ditadura. Em suas letras, que a priori passavam pelo crivo da censura, por se tratar aparentemente de questões da vida corriqueira, desilusões amorosas, etc., ele expressava nas entrelinhas suas inquietações e insatisfações em relação ao sistema.

Nos primeiros anos do “pós-64”, suas músicas ainda mantinham um certo distanciamento das canções de protesto, no mais uma forma de resistência à modernização conservadora do momento.

- Em 1966 com a canção “A Banda”, juntamente com a intérprete Nara Leão, alcançam o primeiro lugar no “II Festival da Música Popular Brasileira”, da emissora de TV Record.

- Em 1967 com a canção “Roda Viva”, que já expõe a questão da resistência, alcança o terceiro lugar juntamente com o grupo MPB-4 no “III Festival da Música Popular Brasileira”, também da emissora de TV Record.

- Em 1968 com o advento do AI-5, compõe “Sabiá” em parceria com Tom Jobim no qual, expõe de maneira pertinente o problema da pátria. Com essa canção, interpretada pela dupla Cynara e Cybele, ganha o “III Festival Internacional da Canção” de setembro de 1968 da emissora de TV Globo. A canção ganhou, mas não agradou o público que vaiou a decisão do júri, pedindo a vitória da canção “Pra não dizer que não falei das flores” de Geraldo Vandré.

- Em 1969 parte para o “alto exílio” na Itália, devido as perseguições dos militares.

- Em 1970, volta-se para o protesto político com “Apesar de Você”. A música passou pela censura e se tornou uma espécie de “hino de resistência à ditadura”.

Nos anos em que a repressão e a censura se encontram no momento mais violento, Chico compõe várias músicas de protesto, dentre as quais as mais significativas são:

- “Apesar de Você” (1970);

- “Deus lhe Pague” (1971);

- “Quando o Carnaval Chegar” (1972);

- “Cálice” (1973).

Sua obra estabeleceu um duro confronto entre Chico Buarque e a censura. No qual, durante a década de 1970, suas músicas passaram a ser censuradas porque levavam sua assinatura. Para resolver tal questão, criou um pseudônimo, “Julinho da Adelaide”, que para manter a veracidade, chegou a dar entrevista à um jornal da época, além de também ter cédula de identidade. Com seu pseudônimo, Julinho da Adelaide registrou três canções, “Milagre Brasileiro”, “Acorda Amor” e “Jorge Maravilha”.

Texto e apresentação produzido por:

Fernando Ribeiro

Luana M. do Espírito Santo

Patrícia Avelar

Renata C. Passos

Alunos do 7º período de graduação em História, pelo Centro Universitário de Belo Horizonte.

Trabalho elaborado como requisito avaliativo para a disciplina História do Brasil IV.

Vídeos apresentados durante o trabalho:

Sabiá - Chico Buarque e Tom Jobim (Festival 1968)

A Banda - Chico Buarque (Festival 1966)

Roda Viva - Chico Buarque e MPb4

Cálice (Censurado) - Chico Buarque e Gilberto Gil (1973)

Prá Não Dizer Que Não Falei das Flores - Geraldo Vandré

REFERÊNCIA:

ALBIN, Ricardo Cravo. O livro de ouro da MPB. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.

DUARTE, Geni Rosa. Acordes Precisos e discursos Dissonantes: Debates estéticos e políticos em torno da Tropicália. TEMAS & MATIZES, n. 10, 2/2006. Disponível em: <http://e-revista.unioeste.br/index.php/temasematizes/article/view/1490/1209>. Acesso em: 23 mai. 2011.

GARCIA NETO, Nelson Natal. “Enquanto Eu Puder Cantar”: Resistência e cultura política na obra de Chico Buarque nos anos 1960 e 1970. 2010. 51 f. Monografia (Bacharelado em História) – Centro Universitário de Belo Horizonte, Belo Horizonte, 2010.

NAPOLITANO, Marcos. A MPB sob suspeita: a censura musical vista pela ótica dos serviços de vigilância política (1968-1981). Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 24, n. 47, p. 103-126, 2004. Disponível em: < http://www.usp.br/proin/download/artigo/artigo_mpb_sob_suspeita.pdf>. Acesso em: 23 mai. 2011.

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